Projeto atende demandas antigas de famílias agricultoras e fortalece a produção de alimentos agroecológicos.
Para responder ao desafio de fortalecer a produção e a comercialização de alimentos agroecológicos, a Fundação Luterana de Diaconia (FLD) e os cinco núcleos do Centro de Apoio e Promoção da Agroecologia (CAPA) firmaram o projeto Rede CAPA de Agroecologia, desenvolvido no âmbito do Programa Ecoforte, apoiado pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e pela Fundação Banco do Brasil (FBB), que tem como uma das principais Ações a implantação de Unidades de referência (UR’s) em diversos municípios.
As UR’s visam avançar na produção, beneficiamento e comercialização de produtos agroecológicos, atendendo as demandas históricas de grupos que necessitam de apoio para melhorar as condições muitas vezes precárias de trabalho, além de dar e também para questões de legalização. De acordo com Roni Bonow, da Coordenação Ampliada do CAPA Pelotas, esse apoio é fundamental para atender as necessidades antigas de alguns grupos. “A Rede CAPA de Agroecologia atua na região Sul do Brasil em territórios com grande diversidade cultural e com diferentes povos e comunidades. Através da agroecologia, esta rede viabiliza a permanência das famílias e suas organizações com o fortalecimento da segurança alimentar, conservação da biodiversidade e na geração de renda através da produção e processamento de alimentos. Com a implantação das UR’s é possível promover e fortalecer referências técnicas e metodológicas de promoção da agroecologia no território, assim como a qualificação dos processos já existentes com o a tecnologias produtivas de beneficiamento e produção, capacidade de incidência em políticas públicas, o a novos mercados e aumento do número de agricultoras e agricultores do território em transição agroecológica”, explica.
Claci Ritter, agricultora familiar do grupo agroecológico de Quevedos, que há 3 anos faz feira em São Lourenço do Sul (RS), recebeu uma amassadeira, uma mesa de inox, um cilindro e um forno. Ela conta como os equipamentos estão sendo importantes para facilitar a produção de panificados e, assim, otimizar o tempo que é dividido entre as tarefas da casa e a produção dos alimentos que abastecem a feira. “Com os equipamentos que vieram no projeto eu consigo fazer os produtos muito mais rápido. Antes eu levava praticamente o dia inteiro para fazer os produtos para a feira, agora faço tudo em 4 ou 5 horas, ficou muito mais fácil”, completa Claci que semanalmente leva para a feira bolos, cucas, pães caseiros, integrais, de cenoura e de aipim, além de bolachas de nata, de mel, de natal, de polvilho, de amendoim, de milho e de aveia.
Márcia Scheer, agricultora que integra a Associação Regional dos Produtores Agroecologistas da Região Sul – Arpasul de Morro Redondo (RS), também foi beneficiada com o projeto. Assim como ela, outras mulheres agricultoras da Associação, que há 25 anos industrializam e comercializam a sua produção nas feiras ecológicas, em agroindústrias informais e em condições precárias, teve aporte em equipamentos, tecnologias e e para legalização.
O projeto aportou para o grupo a que Márcia pertence diversos equipamentos para a sua agroindústria de panificados, aumentando a produção e gerando trabalho e renda para outras famílias. “Produzir a gente sabe, mas precisamos de apoio para projetos e equipamentos para também permitir que as pessoas jovens se mantenham nas propriedades. Com a agroindústria, é possível agregar valor aos nossos produtos, ter uma oferta maior e ainda aproveitar melhor as frutas e os produtos disponíveis”, acrescenta.
A Arpasul tem histórico de feiras na região há 25 anos e está recebendo 3 unidades de referência com panificados em Morro Redondo, Pelotas e Arroio do Padre (RS).